Cigarros eletrônicos: de inofensivos a vilões
O tabagismo é uma ameaça à saúde pública global causando mais de 8 milhões de mortes de pessoas por ano. Os cigarros eletrônicos são dispositivos novos que surgiram com a propaganda falsa de auxíliar na cessação de tabagismo, o que não se confirmou nos estudos. Os dispositivos eletrônicos contém e-líquido, um cartucho com solução, que pode conter ou não, a nicotina na forma líquida, associada com aromatizanes, flavonizantes e solventes como propilenogicol e glicerol e que objetivam produzir um vapor mais suave, facilitando a tragada e a absorção do produto no trato respiratório.
O uso de cigarros eletrônicos têm sido associado com problemas respiratórios como asma em adolescentes, doenças cardiovasculares e EVALI (doença pulmonar associada aos produtos de cigarros eletrônicos ou vaping), que causa fibrose e outras alterações pulmonares e que pode conduzir o paciente à insuficiência respiratória e até à morte. Nos e- cigarros, o aquecimento do e-líquido libera um aerossol formado principalmente por propilenoglicol, glicerol, acetaladeído, nitrosaminas, que são substâncias altamente irritantes e cancerígenas para o trato respiratório e digestivo.
O JUUL é a última geração de cigarros eletrônicos. Tem formato moderno de pen drive, produz pouco vapor e é muito usado por adolescentes. Esse dispositivo eletrônico usa o sal de nicotina que é uma combinação de nicotina com ácido benzoico, visando torná-la mais palatável. O sal de nicotina tem um absorção mais rápida pelos pulmões, atinge o sistema nervoso e o sistema de recompensa cerebral em poucos segundos, o que confere maior poder de dependência ao produto. Os refis são chamados de pods e chegam a ter a concentração de 3% e 5% de nicotina o que corresponde respectivamente a 35mg/ml e 59mg/ml. Cada pod corresponde a 200 tragadas, 1 maço de cigarro tradicional.
O uso de cigarro eletrônico aumenta em mais de três vezes o risco de experimentação de cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro, segundo uma pesquisa do INCA. Fortalecer a luta contra o cigarro eletrônico é lutar para proteger nossos jovens dessa nova epidemia que afeta a atividade do cortex cerebral pré- frontal, área responsável pela cognição, pela tomada de decisões e pelo controle da impulsividade. Essa luta deve ser de todos nós!!!!